28 de mar. de 2013



Autora e atriz de Corrente Fria, Corrente QuenteFernanda Caldas Fuchs fala sobre a sua peça.

Qual é a importância de o texto de Corrente Fria, Corrente Quenteter sido premiado no Concurso de Contos Bunkyo? E como foi a cerimônia de premiação em São Paulo?
FERNANDA CALDAS FUCHS – Além do reconhecimento de uma instituição, acho que o mais interessante é o texto  ter sido premiado por uma Sociedade de Cultura Japonesa. Acho que não foi por acaso, e de alguma maneira consolida essa minha parceria com o Japão. A premiação foi muito boa, emocionante, e pude conhecer várias pessoas do Bunkyo. Esse conto representa muitas coisas para mim. Não tem sido fácil transformar esse texto em uma peça de teatro e esse prêmio com toda certeza deu mais um gás para construir esse espetáculo.

É verdade que você escreveu Corrente Fria, Corrente Quente de uma só vez, numa espécie de fluxo de consciência?Sim. Eu sabia que tinha que escrever um texto, de alguma maneira eu tinha que contar alguma história. Em um dia pela manhã, reuni alguns materiais: músicas, imagens e dados sobre o Japão. Coloquei as músicas para tocar e, enquanto ouvia, fui escrevendo. Escrevi de uma só vez. Quando terminei, reli e modifiquei pequenas coisas. Não mudei a estrutura.

E como foi o processo de pesquisa anterior? Você teve a orientação de alguém? E o que você descobriu de mais fascinante sobre o Japão?      
Tive orientação do diretor Hermison Nogueira e de mais algumas pessoas do grupo Gruta, do Colégio Estadual do Paraná. O Hermison foi a pessoa que mais me enviou material: músicas, imagens, documentários e filmes sobre a cultura nipônica. Também fui ao consulado do Japão e pedi materiais. Entrei em sites e pesquisei sobre a geografia e a história do país. O que mais me chamou a atenção foi a força das correntes marítimas, assim como dos terremotos e tsunamis, desastres que parecem ser encarados com naturalidade pela população. É doido pensar que são milhares de ilhazinhas, pensar que você está ilhado, não tem espaço para o gado e é só peixe, arroz e chá. O Japão me passa um clima sombrio, não consigo achar ele muito alegre.

Você pensa em conhecer o Japão? Quem sabe apresentar a peça em Okinawa?Tenho um pouco de medo de lá. Mas, se pintar uma oportunidade, vou com toda certeza.

Você é de Paranaguá e seu pai trabalha no porto, certo? O porto de Naha, descrito por você no texto, tem algo do porto de Paranaguá?
É bem provável. Nunca fui ao Porto de Paranaguá, mas lembro que quando visitávamos a cidade sempre passávamos em regiões bem fedidas e lembro da mãe dizer que era por causa do porto; possivelmente, de algumas cargas que ficavam por lá. Sempre havia várias moscas e a desculpa era sempre o porto. Acho que são coisas que coloquei no texto inconscientemente.

Quais são alguns dos momentos que mais te tocam ou que você mais gosta em Corrente Fria, Corrente Quente?Gosto muito do barulho das ondas e dos ventos, presentes na montagem. Gosto de trazer as corrente marítimas para o espetáculo. Gosto quando o pai da menina diz que não gosta de peixe, mesmo ele trazendo sempre para a família vários frutos do mar. E me chama a atenção o fato de o pai ficar dois dias com a família e sete dias com o mar. O sete veio na minha cabeça. Não tenho muitas explicações para ele.

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