+ Teatro
Um casal de fantasmas no palco
A falta de criatividade do diretor Garcia Peralta impediu que sua versão de Quartett, de Heiner Müller, pudesse crescer ou explorar novos significados
Beth Goulart e Guilherme Leme em Quarttet.
Aborrecimento e nada mais. Foi exatamente isso que a peça Quartett, que esteve em cartaz em Curitiba, nos dias 8 e 9, causou em mim. Escrita em 1981, ela é uma adaptação do dramaturgo alemão Heiner Müller (1929 - 1995) para o romance As Ligações Perigosas, do francês Pierre Choderlos de Laclos (1741 – 1803).
Em sua versão para o teatro, o dramaturgo concentrou a história de Laclos em dois personagens: Merteuil e Valmont, transformando, respectivamente, essa marquesa e esse visconde num casal moderno, em disputa para ver quem mortifica mais o outro, seja obtendo prazeres sexuais de terceiros ou corrompendo figuras inocentes, como a jovem Cecile e madame Tourvel.
Fora sexo, Merteuil e Valmont não dão valor a coisa alguma. Nem a suas vidas, o que os deixa tão invulneráveis e vazios quanto fantasmas.
Pois bem. A montagem do diretor argentino Victor Garcia Peralta ficou devendo uma boa dose de criatividade e um trabalho corporal mais elaborado dos atores.
Peralta apostou suas fichas essencialmente na declamação do texto de Müller, que, no fundo, não passa de um amontoado de provocações cínicas. Pobre do público que só teve isso para ouvir e ainda num tom deveras artificial. As frases ácidas de Müller perderam muito do seu impacto.
Beth Goulart e Guilherme Leme também não contribuíram para que o nível da peça fosse elevado. Como Merteuil e Valmont, os dois incorporaram vilões absolutos, sem nuances, e ao interpretarem personagens inexpressivos, como Cecile e Tourvel, deixaram-nos na mesma. Inexpressivos e sem brilho.
Mesmo assim, a monotonia e falta de imaginação foram aplaudidas de pé pelo público curitibano.
Um casal de fantasmas no palco
A falta de criatividade do diretor Garcia Peralta impediu que sua versão de Quartett, de Heiner Müller, pudesse crescer ou explorar novos significados
Beth Goulart e Guilherme Leme em Quarttet.
Aborrecimento e nada mais. Foi exatamente isso que a peça Quartett, que esteve em cartaz em Curitiba, nos dias 8 e 9, causou em mim. Escrita em 1981, ela é uma adaptação do dramaturgo alemão Heiner Müller (1929 - 1995) para o romance As Ligações Perigosas, do francês Pierre Choderlos de Laclos (1741 – 1803).
Em sua versão para o teatro, o dramaturgo concentrou a história de Laclos em dois personagens: Merteuil e Valmont, transformando, respectivamente, essa marquesa e esse visconde num casal moderno, em disputa para ver quem mortifica mais o outro, seja obtendo prazeres sexuais de terceiros ou corrompendo figuras inocentes, como a jovem Cecile e madame Tourvel.
Fora sexo, Merteuil e Valmont não dão valor a coisa alguma. Nem a suas vidas, o que os deixa tão invulneráveis e vazios quanto fantasmas.
Pois bem. A montagem do diretor argentino Victor Garcia Peralta ficou devendo uma boa dose de criatividade e um trabalho corporal mais elaborado dos atores.
Peralta apostou suas fichas essencialmente na declamação do texto de Müller, que, no fundo, não passa de um amontoado de provocações cínicas. Pobre do público que só teve isso para ouvir e ainda num tom deveras artificial. As frases ácidas de Müller perderam muito do seu impacto.
Beth Goulart e Guilherme Leme também não contribuíram para que o nível da peça fosse elevado. Como Merteuil e Valmont, os dois incorporaram vilões absolutos, sem nuances, e ao interpretarem personagens inexpressivos, como Cecile e Tourvel, deixaram-nos na mesma. Inexpressivos e sem brilho.
Mesmo assim, a monotonia e falta de imaginação foram aplaudidas de pé pelo público curitibano.
Marcadores: Francofonia, Heiner Müller, Quartett, Teatro, Victor Garcia Peralta
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