+ Leituras
Walking on the wild side,
com William Burroughs
Junto com On The Roud (publicado em 1957), de Jack Kerouac, Junky (1953) é um dos marcos da literatura beat.
Foi ao som de “Walk on the wild side”, que eu terminei minha leitura de Junky, na edição comemorativa dos 50 anos da obra (tradução de Ana Carolina Mesquita, Ediouro, 2005, 286 págs.). Fazia tempo que eu estava para ler esse livro.
Enfim, pude constatar que ele realmente não é nada imperdível. Porém, sua narrativa – extremamente simples e que não busca trazer grandes surpresas nem desenvolver personagens – acabou me agradando mais do que eu esperava.
Burroughs se limita mesmo a descrever como começou e se desenvolveu a sua relação com as drogas, intercalando essas suas memórias com uma série de pequenas reflexões. Tirante isso, pela objetividade com que o autor descreve as situações mais bizarras e pelo distanciamento emocional diante delas, o texto adquire um formato que se aproxima do jornalístico.
Burroughs não dramatiza, não romanceia. Mantem-se cool o tempo todo e ainda faz diversas tiradas sarcásticas, como esta:
No French Quarter, há vários bares gays tão lotados que toda noite as bichas vazam nas calçadas. Qualquer lugar cheio de bichas me dá arrepios. Elas se balançam como marionetes controladas por fios invisíveis, elétricas na atividade repulsiva da negação de tudo aquilo que é vivo e espontâneo. (pág. 136)
O detalhe é que Burroughs era homossexual e vivia freqüentando esses bares.
Outro mérito do autor são as diversas análises que ele faz sobre a sua época. Burroughs reflete sobre as políticas antidrogas nos Estados Unidos – que ele considera corruptas e hipócritas –, denuncia o sistema de saúde que não privilegia os viciados, desmente conceitos, segundo ele “enganosos”, sobre os narcóticos, faz diagnósticos contundentes sobre aspectos sócio-econômicos de certas regiões do país e, por fim, apresenta um pouco de sua visão sobre o movimento hipster/beat que estava se formando.
Parece faltar energia e curtição espontânea da vida dos jovens hipsters. A simples menção de fumo ou de droga os deixa em estado frenético, como se houvessem acabado de se injetar cocaína. Pulam por todos os lados e gritam: “Demais! Muito louco! Cara, vamos lá! Vamos chapar”. Mas depois de um pico afundam na cadeira como bebês resignados, esperando que a vida lhes traga a mamadeira novamente. (pág. 223)
Palavras de um veterano na arte da malandragem.
Walking on the wild side,
com William Burroughs
Junto com On The Roud (publicado em 1957), de Jack Kerouac, Junky (1953) é um dos marcos da literatura beat.
Foi ao som de “Walk on the wild side”, que eu terminei minha leitura de Junky, na edição comemorativa dos 50 anos da obra (tradução de Ana Carolina Mesquita, Ediouro, 2005, 286 págs.). Fazia tempo que eu estava para ler esse livro.
Enfim, pude constatar que ele realmente não é nada imperdível. Porém, sua narrativa – extremamente simples e que não busca trazer grandes surpresas nem desenvolver personagens – acabou me agradando mais do que eu esperava.
Burroughs se limita mesmo a descrever como começou e se desenvolveu a sua relação com as drogas, intercalando essas suas memórias com uma série de pequenas reflexões. Tirante isso, pela objetividade com que o autor descreve as situações mais bizarras e pelo distanciamento emocional diante delas, o texto adquire um formato que se aproxima do jornalístico.
Burroughs não dramatiza, não romanceia. Mantem-se cool o tempo todo e ainda faz diversas tiradas sarcásticas, como esta:
No French Quarter, há vários bares gays tão lotados que toda noite as bichas vazam nas calçadas. Qualquer lugar cheio de bichas me dá arrepios. Elas se balançam como marionetes controladas por fios invisíveis, elétricas na atividade repulsiva da negação de tudo aquilo que é vivo e espontâneo. (pág. 136)
O detalhe é que Burroughs era homossexual e vivia freqüentando esses bares.
Outro mérito do autor são as diversas análises que ele faz sobre a sua época. Burroughs reflete sobre as políticas antidrogas nos Estados Unidos – que ele considera corruptas e hipócritas –, denuncia o sistema de saúde que não privilegia os viciados, desmente conceitos, segundo ele “enganosos”, sobre os narcóticos, faz diagnósticos contundentes sobre aspectos sócio-econômicos de certas regiões do país e, por fim, apresenta um pouco de sua visão sobre o movimento hipster/beat que estava se formando.
Parece faltar energia e curtição espontânea da vida dos jovens hipsters. A simples menção de fumo ou de droga os deixa em estado frenético, como se houvessem acabado de se injetar cocaína. Pulam por todos os lados e gritam: “Demais! Muito louco! Cara, vamos lá! Vamos chapar”. Mas depois de um pico afundam na cadeira como bebês resignados, esperando que a vida lhes traga a mamadeira novamente. (pág. 223)
Palavras de um veterano na arte da malandragem.
Marcadores: Francofonia, Junky, Leituras, Literatura, William Burroughs
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