+ Cinema
Nada de guilhotina
Em Maria Antonieta, a diretora Sofia Coppola prefere destacar o ócio e os pequenos sobressaltos da rainha francesa em tempos de paz
O filme é baseado na biografia Marie Antoinette: The Journey, da escritora inglesa Antonia Fraser.
Semana passada, depois de recomendar ao povo, com a maior desfaçatez do mundo, que “relaxe e goze” diante do caos nos aeroportos, muitos compararam a ministra do Turismo Marta Suplicy à rainha Maria Antonieta que, numa França em estado de penúria, teria dito uma das frases mais cínicas da história. A célebre: “Se não há pão, que comam brioches”.
Mas a idéia aqui não é tratar do descaramento dos governantes do passado e do presente, e sim aproveitar a ocasião para analisar o filme Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006), ainda em cartaz em Curitiba.
Ao que parece, a intenção da diretora Sofia Coppola (de Encontros e Desencontros) é nos fazer entender e até apreciar o comportamento fútil da rainha francesa, interpretada pela bela Kirsten Dunst.
No enfoque dado por Coppola, Antonieta pode ser encarada como apenas mais uma jovem rica e alienada como tantas outras dos dias de hoje. Paris Hilton deve ter gostado da película.
Dolce far niente
Vemos na tela uma tentativa de retratar, como diria o escritor alemão Georg Büchner, o “longo domingo que é vida dos nobres”.
Mas além da boa vida, Coppola até expõe muitas das chateações que Antonieta tinha de suportar, como bajulações mil e maledicências palacianas, ausência de privacidade, um Luís XVI em falta com suas obrigações maritais e a pressão vinda de todos os lados para que ela gerasse um herdeiro.
O problema é tudo isso ser colocado de forma tão insossa, que pouco nos comove, inquieta ou faz rir. O filme segue lento e monocórdio, e a vontade, claro, logo é a de se ir embora do cinema.
Porém então se pensa: aguenta mais um pouco, cabeças ainda vão rolar, não? De que maneira a diretora mostrará a aristocracia sendo perseguida, o aprisionamento, o julgamento do rei e da rainha? É aí que Maria Antonieta enfrenta situações realmente difíceis, é aí que a personagem deverá crescer...
Mas não. Sofia Coppola opta pela lei do menor esforço e encerra o filme abruptamente após a invasão do palácio de Versalhes pela população em fúria.
Eis o pífio resultado de uma diretora que se preocupou muito mais com figurinos faustosos, em se mostrar moderninha (colocando tênis All Star e rock and roll em filme de época), do que em elaborar um roteiro melhor e exigir mais de seus atores.
Nada de guilhotina
Em Maria Antonieta, a diretora Sofia Coppola prefere destacar o ócio e os pequenos sobressaltos da rainha francesa em tempos de paz
O filme é baseado na biografia Marie Antoinette: The Journey, da escritora inglesa Antonia Fraser.
Semana passada, depois de recomendar ao povo, com a maior desfaçatez do mundo, que “relaxe e goze” diante do caos nos aeroportos, muitos compararam a ministra do Turismo Marta Suplicy à rainha Maria Antonieta que, numa França em estado de penúria, teria dito uma das frases mais cínicas da história. A célebre: “Se não há pão, que comam brioches”.
Mas a idéia aqui não é tratar do descaramento dos governantes do passado e do presente, e sim aproveitar a ocasião para analisar o filme Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006), ainda em cartaz em Curitiba.
Ao que parece, a intenção da diretora Sofia Coppola (de Encontros e Desencontros) é nos fazer entender e até apreciar o comportamento fútil da rainha francesa, interpretada pela bela Kirsten Dunst.
No enfoque dado por Coppola, Antonieta pode ser encarada como apenas mais uma jovem rica e alienada como tantas outras dos dias de hoje. Paris Hilton deve ter gostado da película.
Dolce far niente
Vemos na tela uma tentativa de retratar, como diria o escritor alemão Georg Büchner, o “longo domingo que é vida dos nobres”.
Mas além da boa vida, Coppola até expõe muitas das chateações que Antonieta tinha de suportar, como bajulações mil e maledicências palacianas, ausência de privacidade, um Luís XVI em falta com suas obrigações maritais e a pressão vinda de todos os lados para que ela gerasse um herdeiro.
O problema é tudo isso ser colocado de forma tão insossa, que pouco nos comove, inquieta ou faz rir. O filme segue lento e monocórdio, e a vontade, claro, logo é a de se ir embora do cinema.
Porém então se pensa: aguenta mais um pouco, cabeças ainda vão rolar, não? De que maneira a diretora mostrará a aristocracia sendo perseguida, o aprisionamento, o julgamento do rei e da rainha? É aí que Maria Antonieta enfrenta situações realmente difíceis, é aí que a personagem deverá crescer...
Mas não. Sofia Coppola opta pela lei do menor esforço e encerra o filme abruptamente após a invasão do palácio de Versalhes pela população em fúria.
Eis o pífio resultado de uma diretora que se preocupou muito mais com figurinos faustosos, em se mostrar moderninha (colocando tênis All Star e rock and roll em filme de época), do que em elaborar um roteiro melhor e exigir mais de seus atores.
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