2 de set. de 2007

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Descobrindo Marcos Prado

carniça e caviar

ao lado dos sonhos, sempre haverá suspiros
amigos bebem todos os dias aos litros
e no fim da noite trocam tiros
não sem antes distribuir brutos sopapos
o álcool transforma príncipes em sapos
e mariposas em vampiros
a ressaca transforma todo mundo em escombros
os pesadelos curtos em longos
para uma longa noite, uma manhã em frangalhos
caminhos de bêbados são atalhos
zigzags, tropeços e tombos

*


120 minutos

espero que amanheça, não pelo sol, mas pelo ônibus
a cidade está atenta caso eu durma na praça
pra roubar minha jaqueta bota cigarro e o vale-transporte

quero que amanheça, não para acordar, mas para dormir
o primeiro ônibus passa às seis e são quatro
escrever para ficar acordado, única alternativa

peço que amanheça, não pela manhã, mas pela noite
que eu passei bebendo e esperando o primeiro ônibus
e me fez escrever até agora que ele está chegando



Acima, duas poesias muito boas que integram a antologia Ultralyrics (Travessa dos Editores, 2005), do poeta curitibano Marcos Prado (1961 - 1996). O poema “Carniça e Caviar” (parceria com Edson de Vulcanis), em especial, está dentro do CD que acompanha o livro, e é declamado pelo próprio Marcos.


Marcos Prado nasceu em Curitiba, PR, a 15 de dezembro de 1961. Foi poeta, tradutor, letrista, ator e assíduo colaborador em jornais e revistas. Morreu em 31 de dezembro de 1996, aos 35 anos. Algumas coletâneas de que participou: Sala 17 (1978); Reis magros (1979); Sangra:Cio (1980); Feiticeiro inventor (São Paulo, editora Criar, 1985); e Outras Praias/Other Shores - 13 poetas emergentes (Iluminuras, 1997).

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