+Teatro
+ Reportagem Especial
Como anda a dramaturgia curitibana?
Artistas e especialistas apontam a existência de uma diversidade de linguagens e muita experimentação
É fato: na pós-modernidade, o texto dramático não é necessariamente o elemento mais importante de uma peça teatral, como lembra Ismael Sheffler, professor do curso de especialização em literatura dramática e teatro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mas, mesmo assim, é inegável que a existência de um bom texto ainda pode fazer uma grande diferença no resultado final de uma encenação, o que torna válido, portanto, refletir sobre a qualidade da dramaturgia que vem sendo feita na cidade.
O professor Ismael identifica algumas tendências: “Há um predomínio de textos de comédias em Curitiba, voltados principalmente a um teatro do tipo besteirol. Em parte, porque o público curitibano acaba pedindo isso. Por outro lado, há uma dramaturgia mais contemporânea, que faz muito uso da intertextualidade, e na qual o texto é apenas mais um elemento dentro da encenação. E há também um tipo de dramaturgia que fica num meio termo, com textos mais literários e em formatos mais convencionais”.
Para a atriz, diretora e dramaturga da CiaSenhas de Teatro, Sueli Araújo, a dramaturgia curitibana atravessa uma boa fase: “Vivemos um momento legal. Muitas pessoas se desvincularam da literatura e atores e diretores começaram a produzir seus próprios textos a partir das necessidades do teatro contemporâneo”, explica.
Edson Bueno, ator, diretor e dramaturgo do Grupo Delírio, também vê a nossa dramaturgia com bons olhos: “Há um florescimento da dramaturgia em Curitiba, que vem surgindo através dos alunos da FAP [Faculdade de Artes do Paraná]”, diz ele, citando como exemplo dessa geração a dramaturga Léo Glück, cuja peça Jesus vem de Hannover está em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas.
Perigos do experimentalismo
Fátima Ortiz, diretora, atriz e dramaturga da companhia Pé no Palco, levanta algumas questões sobre o número considerável de textos experimentais que circulam na cidade. “O problema é que muita coisa fica apenas nesse experimental. Parece uma sucessão de idéias diversas, costuradas de forma muito frágil”, diz ela. “Muitas vezes falta unidade, e não é que eu esteja reclamando de uma falta de uma linearidade. Isso não é um problema. O que falta é uma trama dramatúrgica mesmo. Senão a peça fica parecendo um show de variedades”.
César Almeida, ator, diretor e dramaturgo da companhia Rainha de 2 Cabeças, também concorda com Fátima: “Tem muita gente fazendo um teatro experimental, mas fazendo para aprender a fazer, para desenvolver novas linguagens. Isso por um lado é bom, mas também pode ser ruim para o público quando a coisa não dá certo, quando são experimentos chatos”.
Para o professor Ismael Scheffler, uma crítica de teatro especializada poderia facilitar a relação do grande público com uma dramaturgia menos convencional: “O público comum tem mais dificuldade para aceitar esse tipo de texto mais ousado. Afinal, o brasileiro está mais acostumado a uma linguagem televisiva ou algo mais próximo da literatura. Ele espera ver um teatro clássico, dividido em atos, escrito de forma linear”, diz ele. “O que falta na cidade são críticos para formar esse público e introduzi-lo a uma dramaturgia contemporânea”, conclui.
***
Exemplos de dramaturgos jovens que despontam na cidade
Andrew Knoll, autor de Box’s.
Léo Glück, autora de Jesus vem de Hannover.
Luiz Fellipe Leprevost, autor de Tua passividade me embrutece.
Marcos Damaceno, autor de Sobre Tempos Fechados.
Alguns dos dramaturgos já consolidados na cena local
César Almeida, autor de Hamletrash.
Edson Bueno, autor de Capitu, Memória Editada.
João Luiz Fiani, autor de Nem Freud Explica.
Paulo Biscaia, autor de Morgue Story.
Sueli Araújo, autora de Bicho corre hoje.
Escritores locais que já escreveram para teatro
Cristovão Tezza, adaptou seu romance Trapo para o teatro.
Jamil Snege, autor de As Confissões de Jean Jacques Rousseau.
Manoel Carlos Karam, autor de O velório de Joaquim Silvério dos Reis.
+ Reportagem Especial
Como anda a dramaturgia curitibana?
Artistas e especialistas apontam a existência de uma diversidade de linguagens e muita experimentação
É fato: na pós-modernidade, o texto dramático não é necessariamente o elemento mais importante de uma peça teatral, como lembra Ismael Sheffler, professor do curso de especialização em literatura dramática e teatro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mas, mesmo assim, é inegável que a existência de um bom texto ainda pode fazer uma grande diferença no resultado final de uma encenação, o que torna válido, portanto, refletir sobre a qualidade da dramaturgia que vem sendo feita na cidade.
O professor Ismael identifica algumas tendências: “Há um predomínio de textos de comédias em Curitiba, voltados principalmente a um teatro do tipo besteirol. Em parte, porque o público curitibano acaba pedindo isso. Por outro lado, há uma dramaturgia mais contemporânea, que faz muito uso da intertextualidade, e na qual o texto é apenas mais um elemento dentro da encenação. E há também um tipo de dramaturgia que fica num meio termo, com textos mais literários e em formatos mais convencionais”.
Para a atriz, diretora e dramaturga da CiaSenhas de Teatro, Sueli Araújo, a dramaturgia curitibana atravessa uma boa fase: “Vivemos um momento legal. Muitas pessoas se desvincularam da literatura e atores e diretores começaram a produzir seus próprios textos a partir das necessidades do teatro contemporâneo”, explica.
Edson Bueno, ator, diretor e dramaturgo do Grupo Delírio, também vê a nossa dramaturgia com bons olhos: “Há um florescimento da dramaturgia em Curitiba, que vem surgindo através dos alunos da FAP [Faculdade de Artes do Paraná]”, diz ele, citando como exemplo dessa geração a dramaturga Léo Glück, cuja peça Jesus vem de Hannover está em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas.
Perigos do experimentalismo
Fátima Ortiz, diretora, atriz e dramaturga da companhia Pé no Palco, levanta algumas questões sobre o número considerável de textos experimentais que circulam na cidade. “O problema é que muita coisa fica apenas nesse experimental. Parece uma sucessão de idéias diversas, costuradas de forma muito frágil”, diz ela. “Muitas vezes falta unidade, e não é que eu esteja reclamando de uma falta de uma linearidade. Isso não é um problema. O que falta é uma trama dramatúrgica mesmo. Senão a peça fica parecendo um show de variedades”.
César Almeida, ator, diretor e dramaturgo da companhia Rainha de 2 Cabeças, também concorda com Fátima: “Tem muita gente fazendo um teatro experimental, mas fazendo para aprender a fazer, para desenvolver novas linguagens. Isso por um lado é bom, mas também pode ser ruim para o público quando a coisa não dá certo, quando são experimentos chatos”.
Para o professor Ismael Scheffler, uma crítica de teatro especializada poderia facilitar a relação do grande público com uma dramaturgia menos convencional: “O público comum tem mais dificuldade para aceitar esse tipo de texto mais ousado. Afinal, o brasileiro está mais acostumado a uma linguagem televisiva ou algo mais próximo da literatura. Ele espera ver um teatro clássico, dividido em atos, escrito de forma linear”, diz ele. “O que falta na cidade são críticos para formar esse público e introduzi-lo a uma dramaturgia contemporânea”, conclui.
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Exemplos de dramaturgos jovens que despontam na cidade
Andrew Knoll, autor de Box’s.
Léo Glück, autora de Jesus vem de Hannover.
Luiz Fellipe Leprevost, autor de Tua passividade me embrutece.
Marcos Damaceno, autor de Sobre Tempos Fechados.
Alguns dos dramaturgos já consolidados na cena local
César Almeida, autor de Hamletrash.
Edson Bueno, autor de Capitu, Memória Editada.
João Luiz Fiani, autor de Nem Freud Explica.
Paulo Biscaia, autor de Morgue Story.
Sueli Araújo, autora de Bicho corre hoje.
Escritores locais que já escreveram para teatro
Cristovão Tezza, adaptou seu romance Trapo para o teatro.
Jamil Snege, autor de As Confissões de Jean Jacques Rousseau.
Manoel Carlos Karam, autor de O velório de Joaquim Silvério dos Reis.
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