6 de mar. de 2008

+ Teatro
Um melodrama cine-teatral
Os Farsantes, peça dirigida por Geraldo Kleina, vale por algumas tiradas de humor e pelo seu espírito crítico



Os Farsantes: as eternas discussões levantadas por Cesar Almeida (sobre o preconceito aos homossexuais, a corrupção na política, as hipocrisias da sociedade etc.) estão presentes na peça.

Mais do que a visão de uma mulher moribunda no centro do palco, a primeira coisa que chama a atenção dos espectadores na peça Os Farsantes, em cartaz no Espaço Falec, é o tapume negro, disposto na horizontal e com cerca de 1 metro de altura, que se interpõe entre a atriz e platéia.

Acima desse tapume, há um outro que parte do teto e se prolonga para baixo, de forma que a boca de cena acaba “enquadrada” como uma tela widescreen de cinema.

Tal efeito combina mesmo com as referências cinematográficas da peça, que aparecem tanto nos curiosos nomes de alguns personagens – como a filha “Winona” (Luciane Figueiredo) e o médico “Brad” (Cesar Almeida), marido de “Angelina” – quanto no estilo do enredo, digno daqueles melodramas rocambolescos que costumavam passar no Supercine, anos atrás.

Prestem atenção: “doente em estado terminal, a rica atriz aposentada Lily (Lala Scremin) é pressionada pela filha Rebeca (Kassandra Speltri) e pelo genro Robert (Ade Zanardini) para que ceda sua herança a eles. Ao mesmo tempo, Lily passa a ser assombrada pelo fantasma de seu filho Sony (Cláudio Fontan)”.

O problema é que essa triste história logo se mostra pouco empolgante. Sua porção trágica não é capaz de nos comover, tendo em vista a precariedade da trama que envolve os personagens, ao mesmo tempo em que a sua porção cômica igualmente não deslancha.

A peça até ganha doses de energia sempre que alguém entra na “sala do hospital” e mexe com os brios de Lily, mas o pique acaba caindo assim que começam os diversos solilóquios dos atores.

Vez ou outra, algumas tiradas também conseguem sacudir esse marasmo. Como quando Robert, um político em plena campanha eleitoral, diz que “marcou um almoço com os executivos da Copel”, ou então quando ele fala que os atores são “piores do que putas; nem nos fazer gozar eles conseguem”.

Passagens como essas, somadas às polêmicas levantadas ao longo da peça – sobre o preconceito aos homossexuais, o uso de drogas, a legitimidade da eutanásia, entre outras – pelo menos divertem e provocam o público por alguns momentos.

Serviço
Os Farsantes. Direção: Geraldo Kleina. Texto: Cesar Almeida. Espaço Cultural Falec (Rua Mateus Leme, 990), de quarta a sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas, até o dia 16 de março. R$ 14,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia-entrada).
Durante o Festival de Teatro, em cartaz também no Espaço Cultural Falec. Sessões nos dias 20 e 21, às 21h. Dias 22, 23 e 24, às 15h.

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