10 de mar. de 2008

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É possível formar dramaturgos?
Com a falta de cursos voltados à dramaturgia no Brasil, autores buscam formação por conta própria

Se no Brasil há diversos cursos de graduação e pós-graduação para atores e diretores, por outro lado não há cursos voltados para a profissionalização de dramaturgos, como vêm surgindo na Europa e nos Estados Unidos. Sendo assim, como se dá a formação desses artistas no país e, mais especificamente, em Curitiba?

“Os nossos dramaturgos, no geral, são amadores”, diz a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), especialista em dramaturgia brasileira, Marta Morais da Costa. “Muitos nem estudam, não lêem. A coisa vem de dentro e sai como Deus quer. Ou não quer”, provoca.

Edson Bueno, ao contrário, se coloca no grupo de autores que fazem questão de estudar por conta própria: “Como autodidata, eu estudo muito o texto de teatro. Fico decupando as peças dos grandes autores e tento observar como eles conseguiram chegar a determinados resultados”, diz o diretor, ator e dramaturgo do Grupo Delírio.

“É preciso que um dramaturgo aja em prol da sua formação”, reforça Ismael Scheffler, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), do curso de especialização em literatura dramática e teatro. “Um artista, mesmo que se considere um intuitivo, constrói algo a partir da cultura em que está inserido. Sendo assim, tudo o que ele fizer para expandir essa cultura, expandir essa formação, será benéfico para ele”.

Segundo Ismael, um curso como o de especialização em dramaturgia promovido pela UTFPR, mesmo que não esteja centrado na produção de textos, e sim nos estudos, é válido para autores teatrais em potencial: “A dramaturgia precisa passar por um processo de reflexão”, defende.

Oficinas e bolsas para dramaturgos
Questionada sobre a possibilidade da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) promover uma habilitação em dramaturgia, assim como acontece na Faculdade de Artes de Berlim, por exemplo, a atriz, diretora, dramaturga e professora de interpretação da FAP, Sueli Araújo, acredita que isso seja pouco provável. Segundo ela, a FAP ainda está reelaborando os currículos das habilitações existentes, que ainda remontam ao tempo da ditadura. “Mas é possível que surjam cursos de extensão em dramaturgia no futuro”, diz ela.

Fátima Ortiz, diretora, atriz e dramaturga da companhia Pé no Palco, constata que existem muitas pessoas interessadas em se aprimorar na dramaturgia, e conta que ela mesma é muito procurada por autores iniciantes que vêm lhe pedir conselhos. Fátima lembra que normalmente em festivais de teatro costumam acontecer alguns workshops voltados para a área, mas que isso ainda é insuficiente para atender todo mundo.

Nesse sentido, as oficinas de dramaturgia que a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) vem promovendo tentam preencher essas lacunas. Beto Lanza, diretor de ação cultural da FCC, lembra também que desde o ano passado a fundação criou o edital Oraci Gemba (aberto novamente este ano), que oferece um auxílio financeiro para que dramaturgos desenvolvam seus projetos. Depois de criados os textos, são realizadas leituras dramáticas e as peças são registradas em uma antologia.

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Teatro Lala promove concurso de dramaturgia

Outra forma importante de estimular a produção dramatúrgica é através da realização de concursos. Este ano, por exemplo, o Teatro Lala Schneider oferece prêmios de R$ 1 mil para as melhores peças, nas categorias tragédia e comédia, que depois serão encenadas pela própria Fundação Teatro Lala Schneider.

“O objetivo do concurso é descobrir novos autores”, diz Jader Alves, um dos responsáveis pela organização do certame. “Às vezes as pessoas escrevem, mas se sentem envergonhadas para enviar seus textos às companhias, ou então não sabem como fazer isso. O concurso serve pra que as pessoas tirem seus textos da gaveta”, explica.

Sobre o concurso
As inscrições para o concurso começaram em janeiro e os dramaturgos ainda podem enviar suas peças até o dia 10 de março. Numa primeira fase, uma banca selecionará 10 textos com os quais serão realizadas leituras dramáticas. A partir disso serão escolhidos os dois trabalhos vencedores.

Segundo Jader Alves, até agora foram recebidos cerca de 15 textos, e a maioria deles escritos por pessoas desconhecidas no meio teatral – o que vem de encontro a uma das intenções do concurso. Sobre a qualidade das peças, Jader se diz satisfeito: “A maioria tem boas idéias. Só que, em algumas, você percebe a falta de conhecimento do autor sobre o funcionamento do teatro na prática – o que a gente chama de carpintaria teatral. Mas também não é nada que um diretor depois não possa dar um jeito.”

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Para autores teatrais:

Oficinas de dramaturgia
Promovidas pela Fundação Cultural de Curitiba, as oficinas acontecem quinzenalmente às quintas-feiras, das 19h às 23h, no Palacete Wolff (Praça Garibaldi, nº 7). Informações pelo tel.: 3321-3205.

Curso de especialização em literatura dramática e teatro
Promovido pela UTFPR, o curso tem duração de um ano e visa desenvolver o pensamento crítico sobre as articulações entre o discurso literário e o fazer artístico. Maiores informações através do site
www.utfpr.edu.br

Edital Oraci Gemba – Fomento em Literatura Dramática
Promovido pela Fundação Cultural de Curitiba, seleciona seis dramaturgos curitibanos e oferece R$ 10 mil para que cada um desenvolva um projeto de peça. Os textos criados são registrados em uma antologia e também são realizadas leituras dramáticas a partir deles. Informações pelo site:
http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/

Bolsas Funarte de estímulo à dramaturgia
A Fundação Nacional de Artes (Funarte) seleciona dois dramaturgos de cada região do país e oferece R$ 30 mil para cada um deles desenvolver um projeto de peça. Informações pelo site:
http://www.funarte.gov.br

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