25 de jul. de 2007

As várias faces de um diamante
Fui no bar do Zé ontem à noite e logo pedi um “abre” pra ele. Uma “abrideira”. Como o portuga se fez de desentendido, tive que traduzir melhor as minhas intenções.

Então disse: Zé, me serve aí uma “aca”. Um “aço”, um “a-do-ó”. Como ele ainda sim nada mo deu, prossegui mais efusivamente: uma dose de “água-benta”, de “água-bruta”, “água-de-briga”, “água-de-cana”...

Como não entende? És surdo ou desavisado? Leso ou contraproducente?

Tô falando de “água-que-gato-não-bebe” e também “água-que-passarinho-não-bebe”. “Aguardente”, homem, “aguardente de cana”! “Aguarrás”, “águas-de-setembro”!

Ah, não tem? Ah, não sabe? Então vê aí uma “alpista”, uma “aninha” ou um “arrebenta-peito”. Pergunta aí se sou só eu que aprecia um bom “assovio-de-cobra”, “azougue”.
Uma “azuladinha”, “azulzinha”...

Porra, será que sou o único que gosta de uma “bagaceira”?, bradei para todo o bar ouvir. Da “baronesa”, continuei. Da “bicha”, de um “bico”. Uma “birita”!?

Sujeito, eu estou falando da “boa”, “boresca”, “borbulhante”...

E o que dizer da “branca”, da “branquinha”. Da “brasa”, da “brasileira”. Da “caiana”, “calibrina”, “cambraia”, “cana”, “cândida”, “canguara”, “canha”, “caninha”?
“Canjebrina”!?
Aí degringolei de vez: "canjica, capote-de-pobre, catuta, caxaramba, caxiri, caxirim, cobreira, corta-bainha, cotréia, cumbe, cumulaia, danada, delas-frias, dengosa, desmancha-samba, dindinha, dona-branca, ela, elixir, engasga-gato, espírito, esquenta-por-dentro, filha-de-senhor-de-engenho, fruta, gás, girgolina, goró, gororoba, gramática, guampa, homeopatia, imaculada, já-começa, januária, jeribita ou jurubita, jinjibirra, junça, jura, legume, limpa, lindinha, lisa, maçangana, malunga, malvada, mamãe-de-aluana ou mamãe-de-aruana, mamãe-de-luana, mamãe-de-luanda, mamãe-sacode, mandureba ou mundureba, marafo, maria-branca, mata-bicho, meu-consolo, minduba, miscorete, moça-branca, monjopina, montuava, morrão, morretiana, não-sei-quê, óleo, orotanje, otim, panete, parati, patrícia, perigosa, pevide, pilóia, pinga, piribita, prego, porongo, pura, purinha, quebra-goela, quebra-munheca, rama, remédio, restilo, retrós, roxo-forte, samba, sete-virtudes, sinhaninha, sinhazinha, sipia, siúba, sumo-da-cana, suor-de-alambique, supupara, tafiá, teimosa, terebintina, tira-teima, tiúba, tome-juízo, três-martelos, uca, veneno, xinapre, zuninga".

Então me dá uma coca, Zé.

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6 de jul. de 2007

Coisas que a gente escuta no cinema
Uma senhora diz para a outra antes do filme começar: Antigamente eu sempre tinha comigo umas balinhas na bolsa. Agora tenho Tilenol.

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