22 de ago. de 2012

Teatro


ANIMAL NÃO É BRINQUEDO
Estreia no dia 2 de setembro o espetáculo infantil Dito e Feito, que alerta sobre o problema do abandono de animais em São José dos Pinhais. Montagem da Companhia do Intérprete usa elementos cômicos dos desenhos animados para encantar as crianças

Fotos: Vanessa Vzorek
Textos: Franco Caldas Fuchs
Os uivos que ecoam pelas ruas de São José dos Pinhais são como um aviso: o abandono de animais se tornou um problema grave, que coloca bichos e cidadãos em risco. O tema sério é abordado, porém, de maneira leve e divertida pelo espetáculo infantil Dito e Feito, encenado pela Companhia do Intérprete.
A estreia acontece com entrada franca no dia 2 de setembro, às 17h, no teatro Leopoldo Scherner, localizado no campus da PUC-PR em São José dos Pinhais. Já as demais apresentações, que vão até o dia 17 de setembro, serão restritas às escolas da cidade.
Em Dito e Feito, as crianças acompanham a história do menino Oscar, interpretado por Luann Vianna. Após ganhar um cachorro da sua mãe (Elizabeth Oliveira), ele percebe que o cãozinho Dito possui um problema de locomoção. Abandonar o bichinho, tal como aconselha o amigo Pedro (Valter Dorte) ou amá-lo assim mesmo vira o seu grande dilema.
Educar com diversão
Em clima de comédia, o enredo de Dito e Feito se desenvolve ao som de músicas divertidas compostas por Fernanda Fuchs e Daniel D'Alessandro, e com direito a danças contagiantes criadas por Amanda Lima. “Nosso desafio foi encontrar uma maneira atraente de estimular as crianças a cuidar dos animais, sem cair num moralismo chato”, diz o diretor Elderson Melo. Tom e Jerry, Padrinhos Mágicos e Os Sete Monstrinhos são alguns dos desenhos animados usados pelos atores como referência para a criação de expressões e movimentos caricaturais.

Da mesma forma, o universo lúdico dos desenhos também se reflete em figurinos estilizados, cabelos coloridos e em cenários que mesclam elementos de um apartamento com brinquedos de playground. “Esse clima absurdo e divertido dos desenhos chama a atenção da molecada e faz eles se identificarem. Com a peça queremos então sensibilizar aqueles que já têm animais e aqueles que estão pensando em ter um”, reflete a atriz Elizabeth Oliveira. Já o ator Luann Oliveira espera que os pais também se conscientizem: “Muitas crianças acham que um animal é como um brinquedo que pode ser jogado fora. Mas os pais têm uma grande culpa em permitir isso”.
***
SERVIÇO
Espetáculo: Dito e Feito
Grupo: Companhia do Intérprete (PR)
Direção: Elderson Melo
Datas e horários: Estreia no dia 2 de setembro (domingo), às 17h. De 3/9 a 6/9; de 10/9 a 14/9; e em 17/9 haverá sessões às 10h e às 15h.
Local: Teatro Leopoldo Scherner da PUC-PR, Campus São José dos Pinhais. Rodovia BR 376, km 14, Costeira.
Ingressos: Entrada gratuita e aberta ao público em geral na estreia. Demais apresentações restritas às escolas de São José dos Pinhais.

Marcadores: ,

ABANDONO E SUPERPOPULAÇÃO DE ANIMAIS


O espetáculo Dito e Feito é fruto de um programa de conscientização sobre o controle populacional e a guarda responsável de cães e gatos promovido pela Secretaria do Meio Ambiente de São José dos Pinhais.  Na cidade, a população animal atinge o índice de um bicho para cada três habitantes, quando a proporção máxima recomendada pela Organização Mundial da Saúde seria de um animal para cada dez habitantes.

Não se sabe ao certo quantos cães e gatos vivem soltos mas, segundo uma estimativa da Secretaria do Meio Ambiente, 80% dos bichos de rua possuem um dono para o qual voltam esporadicamente. “O desafio é conscientizar as pessoas a manter esses animais em casa, assim como fazer a castração, para que a população animal seja controlada”, diz Edilaine Vieira, secretária municipal do Meio Ambiente de São José dos Pinhais.
A secretária espera que o espetáculo Dito e Feito faça pais e filhos refletirem mais antes de adotar cães e gatos. “As pessoas não pensam no trabalho que terão depois. Não é por acaso que aumenta o número de bichos na rua logo após datas como Natal e Dia das Crianças.” O ator e produtor Helder Miranda observa que mesmo animais de raça são frequentemente abandonados. “As pessoas compram ou adotam por impulso, mas depois largam quando percebem que terão que gastar dinheiro com vacina e ração”, ressalta Helder.
***
Sobre a Companhia do Intérprete
Fundada em 2011, a Companhia do Intérprete desenvolve pesquisas teatrais especialmente em torno da comicidade. O grupo foi um dos destaques do último Festival de Curitiba com o espetáculo de rua Companhia Frazão, baseado em O Mambembe, de Arthur Azevedo. No início de agosto, a Cia do Intérprete também chamou a atenção do público com a intervenção dos “palhaços do lixo”, sobre a limpeza das vias públicas em São José dos Pinhais.

ENTREVISTA: Luann Vianna, ator da peça Dito e Feito


Qual é o seu personagem na peça?
Eu interpreto o Oscar, um menino ingênuo, moleque de prédio mesmo, que consegue tudo o que pede para a mãe. Mas quando ganha um cachorro, ele percebe que o Dito não anda e então quer se livrar do bichinho. Afinal, ele quer um cão igual ao do amigo Pedro Henrique. Mas, no fim, o Oscar se revela um garoto gentil e que toma consciência dos seus atos. 

Como essa montagem desperta a atenção das crianças para o problema do abandono de animais?
Ela é uma peça dinâmica, que trabalha muito com música, e tem tudo para prender a atenção da criançada. O tema que abordamos é sério, porque muitas crianças acham que um animal é como um brinquedo que pode ser jogado fora. Acho que os pais têm uma grande culpa em permitir isso.

ENTREVISTA: Valter Dorte, ator da peça Dito e Feito


Que personagens você interpreta?
Eu faço o papel de um veterinário que fala portunhol e que tem uma certa maldade, porque aconselha o Oscar a trocar de cachorro. E interpreto também o Pedro Henrique, que é uma criança malvada.
O que você destaca nessa peça?
Essa mensagem sobre o cuidado com os bichos é muito importante. O problema do abandono está sério. Eu vejo muitos cachorros e gatos pelas ruas, tanto em São José dos Pinhais quanto em Curitiba.

ENTREVISTA: Elizabeth Oliveira, atriz da peça Dito e Feito


Como é a sua personagem?
Eu interpreto a mãe do Oscar. Na peça a gente brinca com uma linguagem de comercial de TV, então ela é bem irreal, até para ser cômica.
De que forma essa peça pode encantar as crianças?
A montagem tem um clima absurdo e divertido dos desenhos animados, e isso chama a atenção da molecada e faz eles se identificarem. Com a peça esperamos então sensibilizar aqueles que já têm animais e aqueles que estão pensando em ter um.