26 de out. de 2007

+ Teatro
A sala de aula é um palcoGRUTA transforma A Aurora da Minha Vida numa peça inventiva e muito poética


Jovem elenco demonstrou muito entusiasmo e disciplina.

O local, o grupo e o público do espetáculo A Aurora da Minha Vida, que encerrou sua primeira temporada no dia 19, não podiam ter sido mais apropriados. Esta peça de Naum Alves de Souza, que trata do conturbado período escolar a que todos já tivemos que nos submeter, foi realizada no auditório do Colégio Estadual do Paraná, pelo grupo de teatro amador do Estadual, o GRUTA, e teve como público majoritário os próprios alunos do colégio.

Foi um grande trabalho do diretor Hermison Nogueira, que fez a peça passar longe dos clichês. Nesta montagem não se viu atores vestidinhos em uniformes escolares, não houve quadro negro, carteiras... enfim, o GRUTA disse não a todas as obviedades e transformou o limitado texto de Naum em uma obra inventiva e muito poética.

A peça já começava de forma assombrosa. Na escuridão, uma caixa se abria e os atores saíam tal como espectros, caminhando lentamente e murmurando ruídos inquietantes. Ainda mais que todos estavam vestidos de negro e tinham os rostos pintados de branco.

Representavam, assim, a memória de um homem que retorna ao seu antigo colégio e relembra tudo o que lá viveu. A identidade dessa pessoa em nenhum momento fica clara e tampouco a identidade dos alunos e professores que passam a ser retratados. Eles são apenas chamados de “o órfão”, “a gorda”, “o professor de latim”, e assim por diante.

A peça então se desenvolve a partir do conflito entre alunos e professores em diversas aulas, até a formatura dos alunos. Em cada aula, além de brindar o público com as tradicionais molecagens e os pequenos dramas dos tempos de escola, a montagem também apresentou uma série de críticas a diversos assuntos.

Para ilustrar o nosso autoritário sistema educacional, por exemplo, um professor de português foi transformado em um sádico domador de circo. Já a professora de inglês, que depreciava a sua pátria e fazia pouco da sua língua materna, virou uma espécie de monstro grotesco.

E as alfinetadas não pararam por aí. Atingiram desde a falta de ética na política (quando os alunos se transformavam em eleitores que trocam votos por comida), a permissividade nos presídios brasileiros (quando os alunos se comportavam como presidiários e aterrorizavam um professor) e a banalização da violência (quando os alunos se divertiam com um videogame cruel, cujas imagens provinham da nossa própria realidade).

Outro destaque da montagem foi o grande desempenho de todos os dez jovens atores no palco. Apesar de iniciante, o grupo esbanjou energia e muita segurança. Tanto que ao longo da peça era notável a forte empatia que se estabelecia entre o público e os atores, que se comportavam, mais do que como crianças, como clowns adoráveis.

Por tudo isso, no final, era melancólico vê-los indo embora, de volta para aquele “baú da memória”. Era como se nossa infância, com tudo que havia de ruim, mas com tudo o que havia de belo e inocente, desaparecesse, mais uma vez, junto com eles.

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17 de out. de 2007

+ Teatro
Sem aplausos este ano
Teatro de Comédia do Paraná volta a passar por um hiato
Foto: Centro Cultural Teatro Guaíra

Inativo no período de 2001 a 2003, TCP retomou sua produção com Medeamaterial (foto), em 2004.

Alguém ouviu falar alguma coisa sobre o Teatro de Comédia do Paraná (TCP) este ano? Passaram festival de bonecos, ópera (La Traviata), balé (Atelier Coreográfico) e nada do Centro Cultural Teatro Guaíra anunciar a peça que costuma produzir anualmente com a marca do TCP, desde que ele foi retomado em 2004.

Como explica a produtora do Teatro Guaíra, Bia Reiner, por falta de verba, este ano o TCP não pôde montar mesmo nenhum espetáculo. No ano passado, o TCP gastou em torno de R$ 80 mil na montagem de Memória, dirigida por Moacir Chaves, o que já não era muito. Segundo Bia, a produção de um grande espetáculo custa, no mínimo, em torno de R$ 150 mil. Esse ano, porém, simplesmente não sobrou dinheiro algum para o TCP.

“O Teatro Guaíra vem sofrendo cortes ano a ano e a direção teve que fazer certas escolhas”, diz Reiner. “Optamos então por manter projetos como a ópera, o Festival Espetacular de Teatro de Bonecos e o balé.” De acordo com ela, em 2006, o valor destinado às produções artísticas do Guaíra foi de aproximadamente R$ 350 mil. Em 2007, caiu para cerca de R$ 200 mil.

Com as mudanças na administração do teatro ocorridas no início do ano – a jornalista Marisa Villela assumiu a diretoria da instituição –, também não houve tempo para viabilizar um patrocínio para o TCP via Lei Rouanet, argumenta a produtora. Ela afirma que, para 2008, essa captação de recursos já será possível e o TCP poderá montar talvez até dois espetáculos.

Ciclo de leituras foi cortado
A falta de dinheiro também fez com que o Ciclo Novas Leituras (produção de leituras dramáticas de autores contemporâneos), realizado em 2005 e 2006, fosse interrompido esse ano. “Mesmo sendo um projeto relativamente barato, [custava em torno de R$ 12 mil ao ano] ele acabava atingindo mais a classe artística”, diz Reiner.

Ela afirma que a atual política do Guaíra é a de manter projetos mais populares, como o Teatro para o Povo, por exemplo, no qual peças são apresentadas aos domingos com entrada gratuita.

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Trajetória do TCP
Pelo Teatro de Comédia do Paraná passaram grandes nomes do teatro paranaense e nacional, como Lala Schneider, Mário Schoemberger, Ademar Guerra e Paulo Goulart

Foto:Centro Cultural Teatro Guaíra

Cena de Um Elefante no Caos (1963), peça de estréia do TCP.

Números
- Em um de seus momentos mais profícuos, o TCP montou sete peças em 1992 e sete em 1993.
- No total, o TCP já produziu 72 espetáculos.


O Teatro de Comédia do Paraná (TCP) surgiu com a finalidade de orientar e coordenar as atividades teatrais do Teatro Guaíra, em 1963. Nesse ano foram montadas as suas duas primeiras peças: Um Elefante no Caos, de Millôr Fernandes, e A vida impressa em dóllar, de Clifford Odets, ambas dirigidas por Cláudio Correia e Castro.

O TCP seguiria então produzindo no mínimo dois espetáculos por ano e, em 1968, chegaria a produzir cinco – Tempestade em Água Benta, de J.C. Cavalcanti Borges, dirigido por José Maria Santos, estaria entre eles. A média cairia em 1971, quando foi montada apenas uma peça infantil: O Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado, com a direção de Antônio Carlos Kraide.

1973 foi o primeiro ano em que não houve montagem do TCP. Isso se repetiu em 1978, de 1980 a 1983, de 1985 a 1988, de 1998 a 1999, e de 2001 a 2003.

Em 2004, a produção foi retomada com Medeamaterial, de Heiner Müller, dirigida por Mariana Percovich, seguida por Pico na Veia (2006), de Dalton Trevisan, dirigida por Marcelo Marchioro, e Memória (2006), de Machado de Assis, dirigida por Moacir Chaves. Agora, em 2007, o TCP volta a passar por mais um hiato.

Algumas das produções do TCP

que mais se destacaram

Sucesso de público, New York por Will Eisner (1990), de Will Eisner, dirigida por Edson Bueno, recebeu o troféu APAC de melhor espetáculo e seis prêmios Gralha Azul.

A Vida de Galileu (1989), de Bertolt Brecht, teve a direção de Celso Nunes e Paulo Autran no papel-título. A peça excursionou pelo interior do Paraná, Porto Alegre, Florianópolis e São Paulo.

Colônia Cecília (1986), de Renata Palotini, com direção de Ademar Guerra, foi uma das peças mais populares do TCP. Recebeu cinco prêmios Gralha Azul, entre eles o de melhor espetáculo.


Paraná, Terra de Todas as Gentes (1974), de Adherbal Fortes e Paulo Vítola, dirigida por Maurício Távora, inaugurou o auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão) e recebeu o prêmio Gralha Azul de melhor espetáculo.

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Artistas comentam sobre o TCP
"O TCP passa por um momento muito ruim, e não é problema da administração do Teatro Guaíra. Eu conheço a diretoria e sei que eles querem produzir. O problema é a falta de verba. É estranho. Quando o Oswaldo Loureiro foi diretor do Guaíra [de 1991 a 1994], houve uma porção de espetáculos. E o Requião era quem estava no governo. Como é que antes ele deu condições para o teatro se desenvolver e agora não?"
“O teatro paranaense precisa dar uma oxigenada, precisa desse intercâmbio entre artistas locais e nacionais que o TCP proporciona." Beto Bruel, iluminador
“Acho lamentável o fato do TCP não montar nenhuma peça essa ano. Há algum tempo o TCP vem ficando com uma atuação bem mais restrita do que antes. E essa falta de verba não atinge só o TCP, mas também a orquestra e o balé do Teatro Guaíra.”
"O TCP deveria voltar a fazer co-produções. Isso daria uma continuidade maior para o TCP e uma consistência para os trabalhos das companhias locais.” Enéas Lour, ator e dramaturgo
“O TCP é uma chance dos artistas fazerem um grande espetáculo com um pouco mais de produção. É uma pena que o TCP não faça nada esse ano. É uma parte da nossa tradição cultural que vai se perdendo. A cultura deveria só aumentar, e não diminuir. Isso é tão retrógrado.” César Almeida, ator, diretor e dramaturgo

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3 de out. de 2007

Dance, dance, dance!
A festa que parece filme
Ritmos como salsa, forró, bolero e tango embalam a Noite Latina nesta sexta-feira


O show de tango é um dos destaques da Noite Latina.

Aproveitando o mote da nova novela da Band, “Dance, dance, dance”, que se apregoa como a “novela que parece filme”, Walmir Secchi brinca que a Noite Latina, festa que ele promove nesta sexta-feira (5), no Capri Eventos, é “que parece filme”. “É uma noite em que se resgata a dança a dois com aquele encanto de antigamente, porém com uma energia atual”, afirma o diretor do Centro de Dança Latina Walmir Secchi (CDLWS).

A festa começa às 22h e vai até as quatro da manhã ao som de ritmos brasileiros, caribenhos e portenhos. Além de dançar a noite inteira, os presentes poderão assistir a performances da Cia. Dança Latina Walmir Secchi, que apresentará shows de tango, samba, salsa e merengue.

No restaurante, estará disponível um serviço à la carte. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente a R$20 nas sedes do CDLWS, e a R$25 no dia e local da festa.

Sobre a Noite Latina
Promovida desde 1998, a festa se transformou num ponto de encontro para todos os admiradores da cultura latina, que se reúnem para dançar e ouvir boa música.


Ao longo de suas edições, a Noite Latina já atingiu um público estimado de 27 mil pessoas, sendo considerada o maior evento de dança de salão do Brasil.

Serviço
Noite Latina, dia 5 de outubro, a partir das 22h00, no Capri Eventos. Rodovia do Café, 3001. Ingressos a R$20 (antecipados) e R$25 (no local). Informações pelo tel. 3335-4141, ou pelo site http://www.dancalatina.com.br/

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